Sob o Signo do Divino Espírito Santo

O desenvolvimento do culto ao Espírito Santo está ligado a Joaquim de Fiore, abade italiano, nascido no século XII, que acreditava num novo aparecimento do Espírito Santo, que daria lugar à Era do Espírito.

Contexto histórico

Influenciada pelas tradições espanholas em honra do Divino Espírito Santo, a Rainha Santa Isabel, de Aragão, ao vir para Portugal para casar com o Rei D. Dinis, instaurou, em 1296 no concelho de Alenquer, a Irmandade do Espírito Santo. Naquela época, a celebração era feita na capela real, à qual todos os pobres eram convidados a assistir. O bispo colocava a coroa real nas cabeças dessas pessoas, procedendo, assim, à coroação em louvor do Espírito Santo.

De seguida, era realizado um banquete real, vontade do rei e da rainha em servir os mais desfavorecidos, o chamado “bodo dos pobres”. Mais tarde, em 1432, iniciou-se o povoamento dos Açores. Por ação dos frades franciscanos que vinham com a responsabilidade de estabelecer a religião católica na região e que trouxeram consigo os ideais de Fiore, a tradição de culto ao Espírito Santo expandiu-se e, ainda hoje, se mantém bem viva, até nas comunidades de emigrantes açorianos.

As tradições de culto ao Espírito Santo acontecem nos meses de Maio e Junho, quando acontecem os dois Domingos do Bodo, precisamente o de Pentecostes e o da Trindade

Coroação

Embora existam momentos em que a Festa vai à Igreja, como o da Coroação, os festejos do Império acontecem, em regra, fora dos templos, tendo como base o local onde a coroa se encontra, seja o edifício do Império, seja a casa do mordomo ou Imperador.

No domingo, de manha, realiza-se a procissão, que sai da casa do Imperador ou do Império com todas as insígnias do culto (a coroa, o cetro, a salva, varas e bandeiras), até à Igreja, onde se realiza a cerimónia da Coroação. Quando termina a celebração, inicia-se uma nova procissão até ao local onde se realiza o almoço, ou até ao Império.

Sopas Secas

Sopa é um prato que implica ter alguma coisa, normalmente pão, ensopado em caldo ou molho. No tempo do Espírito Santo e como modo de celebrar o Paráclito, fazem-se sopas em todas as ilhas. Há, sempre, alguma diferença, conforme as ilhas, lugares e mesmo na própria ilha, seja em temperos, seja no modo de cozinhar.

No Pico, porém, a curiosidade maior reside no facto de algumas serem “sopas secas”, ou seja, o caldo é posto sobre o pão, mas em quantidade tal que fique todo no pão e não reste nenhum, fora dele. No Pico existem localidades onde se comem de colher, apesar de também estarem presentes os restantes talheres. Saborosas isso são, como todas as do tempo do Espírito Santo.

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Os Chavões

Os chavões, esculpidos em madeira boa e destinados a marcar as Vésperas, existem no lado norte da ilha do Pico, voltado a São Jorge, e na designada Ponta da Ilha, a Piedade, já que essa é a parte da ilha onde as Vésperas são peça essencial do Bodo. Tradição partilhada entre S. Jorge, Pico e Graciosa, indicariam, antigamente, quem tinha feito os pães ou bolos, porventura para se desobrigarem da promessa ou obrigação de contribuição para o grupo e a Festa. Noutras regiões da Europa, como a Flandres, existem resquícios dessa mesma ação, sobretudo em regiões de fornos comunitários, onde várias casas e famílias colocavam tudo junto num mesmo forno. Agora aparecem sobretudo guardados em museus.

João Alves é um artesão que continua a produzir estes chavões

São Nuno

Nuno Álvares Pereira, o celebrado herói e Condestável de Portugal durante as lutas pela independência, no século XIV, foi, por muitos anos, o Beato Nuno de Santa Maria, perante a Igreja Católica. Porém, aqui no Pico, no lugar da Mirateca, em pleno Atlântico e longe de Aljubarrota e do mosteiro carmelita de Lisboa, foi sempre considerado santo, com uma pequena capela, misto de império e de ermida, arraial e procissão, bodo e festa.
Assim se cruzam tradições e sentimentos, e a coroa do Divino Paráclito enobrece o frontispício da Ermida a São Nuno, cuja imagem está no interior, onde costuma estar, também, a tradicional coroa de prata do Espírito Santo.

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