A proteção das três principais povoações do Pico esteve garantida por redutos e vigias cuja fraca qualidade arquitetónica foi condicionando o seu abandono. Como em muitos outros locais, algumas das estruturas sobreviventes foram sendo requalificadas e convertidas em locais de apreciação da paisagem, mas de alguns que desapareceram completamente apenas permanece a sua memória conservada na toponímia dos lugares.
Durante os séculos XVI e XVII, o Pico não era um alvo principal para o corso nos Açores por não ser um ponto na escala de apoio à Rota da Índia.
As fortificações foram erguidas tardiamente, com vigias fortificadas nas Lajes, embora o Pico tenha desempenhado um papel essencial como suporte secundário nas rotas comerciais atlânticas, fornecendo bens essenciais às ilhas centrais e à armada. As principais vigias foram instaladas na Madalena e na costa sul, mas no século XIX estavam todas abandonadas ou quase destruídas.
Na gastronomia açoriana é frequente o uso de especiarias, prática que suplanta a utilização do tempero com ervas como é frequente na culinária continental. É hábito que remonta à época em que abundavam nos portos das ilhas e cuja utilização cada localidade foi adequando ao seu gosto.
Originalmente feito com sangue e miudezas de borrego, cabrito, cordeiro ou porco, o sarapatel parece ter tido uma origem judaica e, depois de levado para o oriente pelos portugueses de quinhentos onde incorporou especiarias (pimenta, cravinho e colorau), regressou nas naus da Índia com esses novos paladares. No Pico, embora agora só, quase, uma memória, também se fazia sarapatel. Adequando-se aos produtos locais, o sarapatel de lapas, condimentado com especiarias, era uma especialidade apreciada até algumas décadas atrás.
Na extensa baía das Lajes instalaram-se vários postos de vigia. A transformação da vigia de Santa Catarina em fortificação data do século XVIII, quando se lhe acrescenta uma parede pelo lado da terra, plataformas, guaritas e instalações para os soldados e palamentas. A sua consolidação ocorre num contexto particular de insegurança causado pela Guerra da Sucessão de Espanha e a sua designação foi-se alternando entre “Castelo de Santa Catarina” e de “Santo António”. Em 1978 é classificado como Imóvel de Interesse Público, e em 2006 é recuperado pela Câmara Municipal das Lajes para albergar o Posto de Turismo e um espaço de animação.
Algumas designações toponímicas aludem a aspetos que facilmente podemos associar a um imaginário de lutas e ações de defesa que poderão ter ocorrido no período em que naus e galeões eram perseguidos por piratas e corsários nos mares dos Açores. Assim é com a Ponta do Mouro que o historiador Gaspar Frutuoso diz também ser conhecida como ponta de André Roiz, mas que a memória local recorda como tendo sido onde um mouro naufragado ou fugido arribou à ilha e de onde não mais saiu.
O Forte da Madalena, construção de meados do século XVIII, implantou-se onde antes já havia existido pequenos redutos defensivos e a sua posição era importante porque dominava o trecho de costa frente à Horta, com cujas fortificações cruzava fogo. Hoje, dessas construções já nada resta, mas deveriam localizar-se perto deste pequeno molhe de proteção na zona da Areia Funda e que se chama Cais da Graciosa.